quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Terra Papagalli - José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta

          Terra Papagalli é uma história fictícia, narrada em primeira pessoa por Cosme Fernandes, um judeu condenado a ser transferido de Lisboa para uma expedição no mar, para conhecer melhor essa nova terra e explorar sua cultura. Após um pequeno incidente, Cosme Fernandes é acusado de comer uma rosquinha. Porém ele por não saber do que estava sendo acusado acaba admitindo práticas realizadas com a moça chamada Lianor. que jurou seu amor eterno. Com isso acaba preso e condenado a ser despachado em novas terras. Ele e mais alguns condenados passam a se tornar amigos e acaba a maioria deixada no "Brasil".

          Na sua Chegada alguns dos "criminosos" são chamados para serem os emissários do rei todos rezavam para que não tivessem que ficar em um lugar como aquele longe da civilização e de uma chance de adquirir riquezas os que já tinham sido escolhidos entravam em tamanho desespero e só tinham os ombros dos seus companheiro de infelicidade para desabar, quando eles entram na ilha passam por varias dificuldades e sempre as superam quando eles conhecem o povo que habitava aquelas terras que eles tinha nomeado como "Terra dos Papagaios". No começo eles se mostram muito assustados porem com o desenrolar da história eles acabam se acostumando com a cultura daquele local e convivendo entre eles alguns chegaram ao seu inevitável fim porem nenhum deles se mostra insatisfeito em relação as terras que agora eles podiam chamar de "Minha".

          Com a chegada de Pero Capito, o chamado Bacharel tem que sair da sua vida cheia de regalias e ir para um local extremamente perigoso junto com sua família e la ele começa a reestruturar a sua vida de maneira a superar por muito o seu antigo local de comercio.

          O Bacharel chegando la nomeia o seu povoado e com um árduo trabalho e muita astúcia ele consegue criar um local prospero transformando o azar que tiveras em tamanha sorte porém uma noite seu "fiel amigo" Lopo de Pina vai até ele para se desculpar por tudo que tinha feito Cosme perdoa o seu caro amigo de qual tantas aventuras já passou ao lado, só que ao acordar descobre que Lopo de Pina tinha fugido com o baú "divina proteção" do qual tinha todas as riquezas acumuladas pelo bacharel em todos esses anos na "Terra dos Papagaios"

          Muitos meses se passaram desde a fuga de Lopo de Pina o bacharel avista uma grande navegação que desce em suas terras trazendo consigo uma grande vontade de obter mercadorias e fazer negócios naquele local como também cartas de sua amada filha e seu genro Francisco de chaves que para evitar algumas confusões em Lisboa mudara de nome, na carta do seu genro ele fica sabendo das ditas aventuras de Lopo de Pina e de como ele se tornara conselheiro de sua majestade e por assim convencer ao mesmo em por ordem nos negócios do agora chamado "Brasil".

          Com a chegada de Lopo de Pina o bacharel de momento aceita mesmo que muito rancoroso e planejando vingança.

          Quando chega o tão estimado dia da batalha em que o bacharel usa de seus conhecimentos militares tanto pelos livros que ele já leu quanto pelas experiências vividas pelo mesmo, nessa batalha Lopo de Pina é subjugado e Lianor devolvida aos braços de bacharel de Cananéia porém ele sabendo que não poderia combater as armadas portuguesas que estariam por vir pelo delito que ele cometeu não lhe resta escolha além de sair das suas terras em busca de refugio com sua família e levando consigo Lopo de Pina em um baú pois ainda não tinha decidido de que maneira horrenda iria matar o "canalha" por assim dizer. Porém a viajem tem seus contratempos vendo sua família ficando louca de fome ele resolve colocar Lopo de Pina como a refeição que até mesmo ele e Lianor, com muita recusa, comerão pois a fome falou mais alto do que a razão.

Biografia


Marcus Aurelius Pimenta:


          Marcus Aurelius Pimenta nasceu no Brás, na cidade de São Paulo em 1962. Jornalista e roteirista, escreveu peças de teatro e documentários. Como co-autor, escreveu Terra Papagalli, Os Vermes, Futebol é bom pra cachorro e as peças Omelete e Romeu e Julieta: segunda parte. Atualmente integra, também, a equipe de roteiristas do quadro Retrato Falado, do Fantástico.


José Roberto Torero:

          José Roberto Torero Fernandes Júnior (Santos, 9 de outubro de 1963), conhecido como Torero, é um escritor, cineasta, roteirista, jornalista e colunista de esportes brasileiro. Formado em Letras e Jornalismo pela Universidade de São Paulo, é autor de diversos livros, como "O Chalaça", vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil.[1] Cursou, sem concluir, pós-graduação em Cinema e Roteiro. No Jornal da Tarde, de São Paulo, iniciou sua carreira de cronista e depois começou a escrever para revista Placar textos sobre futebol. Foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo de 1998 a 2012. Trabalhou como roteirista em vários longas-metragens, entre eles Memórias Póstumas, Pelé Eterno, O Contador de Histórias e Pequeno Dicionário Amoroso.[2] Foi sócio da livraria Realejo, em Santos, e apresentou por um ano o Programa Cantos Gerais, no Canal Brasil.

Bibliografia



           Terra Papagalli é uma obra ficcional dos escritores brasileiros de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, publicada pela primeira vez em 1997 pela Editora Objetiva. Misturando fatos históricos com ficção e humor, os autores narram, pela óptica de um exilado português, o descobrimento do Brasil e as primeiras três décadas de sua colonização.


           Terra Papagalli é escrito em linguagem do século XVI com tom jocoso, onde os autores mesclaram formatos literários da época, como diários de navegação, dicionários e prontuários. O livro é também uma crítica à forma de se viver no Brasil de hoje, assim como o de então, enfatizando 10 mandamentos para o bem viver na Terra dos Papagaios".


           Nossas análises a respeito da obra se baseiam na edição do livro de 2000 EDITORA OBJETIVA LTDA. , que consta com 126 páginas.

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Resenha



          O livro conta uma história que aconteceu nos anos entre 1490 e 1535 mostrando um linguagem de época, apresentando as situações que o protagonista Cosme Fernandes passa.

         Ele estava aprendendo a primeira das línguas e seu professor era o magíster Videira (que visitava uma família semanalmente para lhes dar a "graça divina", apesar que suas intenções verdadeiras aparentavam ter sido comer os deliciosos pratos preparados pelas residentes local) . Por costume da época também era ensinado a crença de louvar um todo poderoso Deus, aqueles que não seguiam ou cometiam pecados diante ele eram punidos, Cosme acabou cometendo um desses "pecados" (ser judeu é pecado?) e ele e seus próximos foram afetados (porque a opinião pública vale mais que a jurídica). Seus pais foram deportados de Lisboa e ele foi preso e depois de um tempo mandado para o Brasil (chamado no livro de "Terra dos Papagaios". A viagem foi longa e Cosme conheceu novas pessoas nas quais eram as únicas com quem ele podia compartilhar seus pensamentos, e lá foram eles no navio a caminho das Índias (pois do jeito que as personagens falavam, eles queriam chegar às Índias, porque nunca deram a entender que seu objetivo era o Brasil, já que o rei só mandou malfeitores para ir na missão e eles não falavam sobre Terras à Oeste do país que continham monstros ferozes em seus caminhos e calor imensurável. É óbvio que eles objetivavam às Americas!). Após algum tempo de viagem, no dia 23, foi avistado uma praia com " criaturas semelhantes a macacos que andavam muito eretas ", onde foram escolhidas pessoas pra fazerem contato com elas na liderança de Pedro Álvares e Nicolau Coelho. Por haver grande diferenças entre os povos nativos e os imigrantes, tiveram um problema na convivência entre eles.
           Recomendamos este livro pois além de interessante, trás pontos de vista intrigantes sobre o "Descobrimento do Brasil" e nos suporta subjetivamente a fazer reflexões sobre o que realmente aconteceu. Ao final, ficamos com uma pergunta: Será que nossas escolas estão nos ensinando a história certa?

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Análise/Crítica



          No início do livro, nota-se que o judaísmo (religião adepta aos ensinamentos de Moisés, e dos dez mandamentos), não era algo bem visto na época.



         O sucesso do pai de Cosme Fernandes trouxe inveja alheia e logo acusavam sua família de praticar os rituais judaicos (guardar o sábado e recitar orações respectivas). Provando o quanto as leis do tempo não eram autossuficientes, sem mesmo conter provas, uma sentença seria aplicada a eles pela suposta religião aos quais seguiam, mostrando a ausência de concessão de escolhas pelo qual o povo do tempo era submetido. Para "provar" sua devoção a fé cristã, o pai de família fez seu filho entrar no mosteiro (comunidade onde vivem os membros de ordens religiosas), indicando o quanto a Igreja era influente na sociedade e, trazendo Sociologia em questão, os poderes de exterioridade, coercividade e generalidade dos fatos sociais formulados por Émile Durkhein, eram impactantes a ponto de "suprimir" a parte o poder jurídico.



           Nota-se bastante a hipocrisia do ex-padre Cosmo Fernandes quando, mesmo tendo consciência do seu descumprimento com as leis divinas, continua a fazê-lo, deixando-se levar pelos prazeres da luxúria e da matança. Antes afirmando que sua alma e corpo pertenciam a sua tão "amada" Lianor, ainda assim a "trai" ante seus olhos e cria uma família com uma índia na "Terra dos Papagaios", como as personagens nomeiam o local descoberto. Neste trecho do livro, percebemos que ele justifica sempre suas vitórias no território como fruto das graças de Deus, mesmo conhecendo as leis divinas e sabendo de que o que fazia eram erros: "Terminou o combate com grande vitória de Deus e nossa. Numerado o ganhado e o perdido, dos nossos morreram apenas dezanove, e dos tupinambás pereceram cento e onze. Porém, o que mais alegrava Piquerobi e os guerreiros é que havíamos feito cinquenta e seis prisioneiros, o que era motivo e carne para muitas festas". Não muito dificilmente concluímos que seu pensamento era do tipo: "Se isso aconteceu, foi porque Deus quis assim", além de que todas as vitória somente do lado dele e seus companheiros, eram vitórias de Deus.




          É forte a presença também da crença por parte do protagonista de que ao vender os índios, denominados papagaios no livro, estariam salvando os "selvagens pagãos", porque conheceriam as leis de Deus do seu povo.

           Em seguidos capítulos da obra, notamos que as personagens discutiam sobre o "outro lado do mundo", em que argumentavam a respeito de ser verdade ou não, tanto a existência do subjetivamente implícito, continente a vir ser chamado de Americano e da existência de monstros que talvez habitassem ao redor da região. Noutro capítulo, observamos algo interessante que supomos ter sido intencional do autor. No trecho: "Lopo de Pina escarnecia de todos e dizia que melhor era ir para as Índias, de onde vinham as especiarias, e que isso era coisa vista e não fantasias", do capítulo 28 de Março, se torna claro que o autor acreditava que o descobrimento do Brasil já era objetivo dos portugueses, e não um "acidente" que aconteceu enquanto tentavam chegar às Índias como ensinam nas escolas. Mais especificamente falando, o autor demonstra uma suposição sobre o "descobrimento do Brasil" quando fala em capítulos anteriores da "divisão dos mundos" e "linha imaginária", onde Portugal já obtinha dados sobre a possível localização dessas terras e de sua existência e agora as procurava se utilizando de malfeitores de baixo valor para a sociedade, o que nos acaba trazendo outra teoria de que o Brasil, na verdade foi invadido pelos portugueses, não descoberto.





          Indo mais a fundo disso, podemos dizer que ele também acredita que quem "descobriu" o Brasil não foi Cabral, mas outrem. Convidamo-los a ver uma música de MC Carol, chamada "Não foi Cabral" que fala a respeito do assunto:

Curiosidade



          Um espetáculo ao ar livre, na praça, na rua, na praia, um ritual festivo que narra à história de um pária quinhentista pai de nosso caráter, degredado de nossa história. Temperada com os mesmos condimentos que norteiam a cultura política brasileira de que padecemos até hoje. É diante dessa aventura épica gastronômica, que a Trupe Olho da Rua, apresenta, ”Terra Papagalli”, um romance de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta adaptado por Zeca Sampaio e Trupe Olho da Rua.



Uma itinerância com o ar de expedição teatral, percorrendo as terras que um dia foram dominadas por um certo Bacharel de Cananéia, também conhecido por Cosme Fernandes.


Link: trupeolhodarua